sábado, 30 de março de 2013

As várias linguagens da Educação Infantil

Que linguagens devem ser consideradas nas proposições curriculares da Educação Infantil? Como afirma Junqueira (2005), já faz tempo que a expressão “linguagem” participa das discussões sobre currículo da Educação Infantil, mas, ainda atualmente, muitos dos profissionais da Educação Básica entendem linguagem como língua e, ainda mais, restringindo-a à linguagem verbal - oral e escrita. O Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI, 1988) aponta o movimento, a música e as artes visuais como linguagens. Linguagem é meio pelo qual os seres humanos se comunicam e se expressam. Para Friedmann (2005), além da linguagem mais direta, que é a verbal (que nem sempre é a mais verdadeira, ou expressiva ou reveladora das profundezas de um ser), existem também as linguagens não verbais, com as quais nascemos e que muitas vezes não são compreensíveis. São as linguagens simbólicas, que se apresentam via imagens e por meio das quais se pode entrar mais profundamente no mundo do ser humano. Dentre as linguagens simbólicas, temos a linguagem dos sons, do toque, da fala, da escrita, dos cheiros, dos sabores, do brincar, das atitudes, das marcas, das posturas, das reações emocionais, do desenho, da arte. O essencial, então, é tomar como ponto de partida as crianças, suas expressões e seus “dizeres”, tudo são dados concretos que nos oferecem elementos de referência. Toda e qualquer atividade da criança é permeada de linguagens simbólicas e são essas que nos permitem adentrar “realmente” o universo infantil, entendendo que as crianças possuem muitas maneiras diferenciadas de pensar e de aprender. Por meio das linguagens – que Malaguzzi (Gandini, 1999) nos diz serem cem –, a criança comunica e se expressa para construir novos conhecimentos, dar significado e se apropriar do mundo. Sendo assim, o trabalho e as diferentes vivências com as linguagens concretizarão o desenvolvimento das capacidades para oportunizar à criança estabelecer relações, analisar, comparar, desenvolver valores, atitudes, realizar operações motoras e mentais, fazer analogias, resolver situações-problema com autonomia, descobrir, enfim criar e recriar. Assim, é importante valorizar a construção de significados pela criança em todas as suas linguagens, que são múltiplas e diversas. A escola e a educação, quando valorizam essencial e primeiramente a escrita, podem acabar por destituir a criança de suas formas mais genuínas de expressão. É na busca de interpretar e recriar o mundo que o aprender a ler e escrever integram a todos os outros recursos que as crianças e nós também temos. As linguagens não se apresentam isoladamente, fragmentadas. Na prática, elas se interligam e se complementam. Uma atividade proposta traz em si várias linguagens que levam ao desenvolvimento de capacidades, mesmo que, naquele momento, haja uma intencionalidade focada em uma determinada linguagem. Para efeito de organização didática, este documento apresenta a Natureza, Sociedade e Cultura e o Brincar como eixos estruturadores em torno dos quais as linguagens se desenvolvem. Proposições Curriculares para a Educação Infantil da PBH.

CRIANÇAS PEQUENAS DE 3 ATÉ 6 ANOS

CRIANÇAS PEQUENAS DE 3 ATÉ 6 ANOS Para as crianças pequenas, de três até seis anos, as educadoras e professoras apontam na mesma direção no que se refere à concepção de sujeitos de direitos. Quanto ao desenvolvimento e comportamento, partem daquilo que já apontaram para os bebês, ampliando para um grau de desenvolvimento e aprofundamento das capacidades e possibilidades das crianças. Apresentam como avanço a construção da independência, identidade e construção da autonomia, observando que a criança pequena já faz a diferenciação de si e do outro, passando a considerá-lo nas suas relações. A criança amplia a sua percepção do corpo, das suas possibilidades motoras, do mundo e de sua representação. Continua construindo a noção de espaço e de tempo. Já é capaz de evocar sujeitos e objetos ausentes. Apresenta ampliação da linguagem oral e diferentes formas de expressão, incluindo o desenho, outras linguagens e a construção de hipóteses sobre a leitura e escrita. Deixa marcas elaboradas com intencionalidade. É criativa, comunicativa, investigativa e competente, assim como as do primeiro ciclo da Educação Infantil. e competente, assim como as do primeiro ciclo da Educação Infantil. A criança desse ciclo também precisa de acolhimento, de afeto, cuidados, espaços adequados, estímulos e oportunidades de ter vivências concretas e reais, explorando o mundo à sua volta. Precisa de oportunidades de socialização, de vivenciar atividades cooperativas, de tempo e ajuda para significar suas manifestações, de atividades adequadas e prazerosas. Consideram que a criança de três até seis anos precisa e gosta de brincar, de alimentar-se, de falar de si, de ouvir e contar histórias e de expressar-se através de várias linguagens. Também para esse ciclo, valem as considerações relativas às adaptações e oportunidades de acesso ao que as crianças com deficiência gostam e precisam, bem como as especificidades de exploração do mundo por todas elas. Proposições Curriculares para a Educação Infantil da PBH.

Proposições e os Bebês de 0 a 3 anos


BEBÊS DE 0 ATÉ 3 ANOS
 Tratando do comportamento dos bebês de zero até três anos de idade, as educadoras e professoras apontaram que eles vão gradativamente conquistando sua autonomia e dependendo menos dos adultos. Também têm, nessa idade, um tempo de descobrimento de si e do mundo físico e social, quando vão se desenvolvendo e adquirindo o controle da marcha,dos esfíncteres e o progressivo controle do corpo, de uma forma geral. Os bebês, desde muito pequenos, são observadores, espontâneos, autênticos, impulsivos, investigativos, comunicativos, competentes e, às vezes, podem até controlar e manejar o seu entorno. Utilizam o corpo para se comunicar e expressar, o choro é para eles uma forma de linguagem.

Na busca de explorar e conhecer o mundo, eles mordem, batem e apertam os objetos e muitas vezes os seus companheiros. Começam a definir suas preferências pessoais, desde escolher seu “melhor amigo” na sala, como também escolher os brinquedos, alimentos etc. Aos poucos, vão transitando dos estágios da anomia moral para a heteronomia. A “autonomia” é um objetivo de longo prazo na educação, mas nessa época pode ser firmemente propiciada a independência das crianças.

As professoras e educadoras afirmam que os bebês precisam de cuidados, respeito, segurança, espaço físico adequado, tempo para si, estímulos a todos os sentidos, oportunidades para diferentes experimentações, limites, possibilidades para construir uma autoimagem positiva, ser compreendidos. 

Necessitam também de uma rotina estruturada, prevendo tempo para o banho e o sono. Gostam e precisam de cuidado, segurança, socialização, afeto e respeito, brincar, descobrir e explorar o ambiente, serem questionadas, repetir atividades e situações, ouvir e contar histórias, explorar a textura, os sons, os movimentos ao brincar com água, terra, pedrinhas, gravetos, entre outros. Importante lembrar ainda que são necessárias adequações para que os bebês com deficiência tenham acesso àquilo de que precisam e gostam.
Com os bebês surdos, por exemplo, toda a exploração da linguagem oral deve ser feita através da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Também os bebês com cegueira precisam desenvolver desde cedo o tato, para reconhecer objetos, texturas, temperatura, assim como a audição e o olfato, pois será através da utilização dos demais sentidos que os mesmos serão estimulados e se tornarão mais eficientes. Assim, como nos exemplos citados, as demais deficiências devem ter suas especificidades consideradas. Proposições Curriculares para a Educação Infantil da PBH.