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MARIANA LACERDA
Mari, meu filho é muito desobediente, não sei como posso lidar com isso."
Muitos de nós temos uma tendência a focar na questão da obediência, em desejar que as crianças façam tudo que queremos, exatamente como queremos, no nosso tempo, no nosso ritmo e do nosso jeito.
E a grande questão da obediência é que, muitas vezes, a criança não entra em contato com aquilo que faz sentido para ela. Você pode estar se perguntando agora: “mas como as crianças não têm noção do que é certo e errado, devemos fazer isso como pais, não?”
Sim, em um processo de amadurecimento, é natural a criança não ter tanta consciência e, claro, a mesma experiência que os adultos, em saber o que é certo e errado. Mas quando falamos de Disciplina Positiva, de Educação com Respeito, de trazer a criança para a cooperação, não quer dizer que ela vai decidir sozinha.
Por isso, confundimos os conceitos “cooperar” e “obedecer”.
O que é a obediência e como se dá?
Quando queremos fazer a criança nos obedecer é porque não a envolvemos no processo, apenas tomamos decisões nem sempre respeitosas e sem uma escuta empática diante dela, das suas necessidades e sentimentos.
Consideramos o que é importante para a gente, como se só importasse o que, na nossa cabeça, precisa ser feito. Dessa maneira, usamos ferramentas e estratégias que não estimulam o autoconhecimento dela, ela não entra em contato com essa reflexão sobre o que é importante para ela, pois se encontra em um processo automático de responder ao desejo do outro.
Nesse fluxo, a criança entra em um padrão de fazer as coisas para agradar o outro. “Eu preciso ser obediente porque isso agrada e, para eu ser amada, preciso agradar”.
Na cooperação, a criança pensa “por que que eu preciso fazer as coisas?” e “é importante para mim também?”. Assim, ela revê sua responsabilidade, seus valores e vontades. Então, o “porque” é completamente diferente.
Se na obediência o “porque” fazer é para agradar o outro, porque o outro me pediu, o outro só vai me amar se eu fizer, e se eu não fizer não vou ser amado ou vou receber uma punição, na cooperação vamos além.
Na cooperação, “eu faço porque entendo que isso realmente é importante para minha vida, para as pessoas ao meu redor, para minha família e para minha casa”. Na cooperação, conseguimos trabalhar autodisciplina e muita responsabilidade.
Quando estamos presos na obediência, se o adulto não estiver lá para cobrar a criança, ela não vai fazer, porque não desenvolveu dentro dela essa questão da auto responsabilidade e de autoconsciência.
Mas, quando a gente trabalha na cooperação, a criança faz mesmo que você não esteja lá para cobrar dela, porque ela se sente compreendida e que o ponto de vista dela foi levado em conta.
Jane Nelsen, criadora da Disciplina Positiva, desenvolveu “quatro passos para conseguirmos cooperação”. Vamos conhecê-los?
1° passo
O primeiro passo é expressarmos compreensão pelo sentimento da criança, fazer um esforço de confirmar com a criança para saber se estamos entendendo o que ela está sentindo.
Se ela não quer fazer algo num determinado momento, precisamos identificar: é frustração, cansaço, irritação, desejo de continuar na tarefa de antes…
Então, primeiro vem a compreensão do sentimento da criança.
2° passo
Mostrar empatia sem necessariamente concordar — não significa que você vai dar permissão: “eu entendo que você está frustrado e não quer organizar sua mochila para escola agora, então eu vou concordar que você não precisa organizar”, não é isso!
“Entendo que você está frustrado porque tem que parar de brincar para organizar o seu material escolar, eu me coloco no seu lugar — que é a empatia —, compreendo como você se sente, mas, é necessário para você se organizar e ter um dia melhor na escola” .
Por isso que cooperação não tem a ver com permissividade. Uma boa dica é mostrar para a criança que a gente também já se sentiu assim: “muitas vezes, eu também me sinto frustrado quando tenho que interromper uma coisa que eu gosto tanto de fazer para organizar as coisas”.
3° passo
Podemos e devemos compartilhar nossos sentimentos e percepções. Se você fizer esses três primeiros passos, pode ter certeza que a criança vai estar muito mais aberta para escutar o que precisa fazer depois, porque se sentirá acolhida, que você está entendendo o sentimentos e que está sendo vista.
4° passo
Convidar a criança a pensar em uma solução. Você pode perguntar: “tem alguma ideia de como que a gente pode resolver esse problema ou como evitar esse problema no futuro?” Se for uma criança mais nova e ela ainda não souber dizer tantas palavras, e mesmo se for uma criança mais velha, ofereça algumas sugestões para chegarem em um consenso e no equilíbrio.
Essa é a diferença da gente trabalhar cooperação, envolver a criança no processo de resolução de problemas e de tomada de decisão, ao invés de simplesmente obedecer e fazer “porque estou mandando, sou o pai e ou a mãe”.
A nossa postura se torna completamente diferente, e a resposta da criança diante dessas situações também.
Fez sentido para você?
Com amor, Mari.
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