sexta-feira, 19 de junho de 2020

Vamos falar sobre elogios com Mari Lacerda!


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MARIANA LACERDA

Mariana Lacerda é TERAPEUTA OCUPACIONAL, MESTRE em Ciências da Reabilitação e DOUTORANDA em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG e EDUCADORA PARENTAL em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association.



É muito provável que você já tenha lido, escutado ou estudado sobre a percepção dos elogios na perspectiva da educação com respeito.
Imagem Pinterest
Qual é a reflexão nesse sentido?

As crianças têm necessidade de se sentirem aprovadas o tempo inteiro, principalmente pelos pais e pelos adultos de referência.

O nosso grande exercício é trazer para elas a noção de autoaprovação. Não é que é proibido expressarmos o que pensamos e sentimos quando elas fazem algo buscando aprovação, a gente pode e deve elogiar...é que esse não deve ser o ÚNICO foco.

Como elogiar a criança e desenvolver sua autoaceitação ao mesmo tempo?

Se a criança pergunta “mamãe, você gostou do que eu fiz? Você achou bonito?”, eu posso responder coisas como:

“Eu achei muito bonito! E você? O que achou?”;
“O que você achou é mais importante do que eu achei!”;
“Como você se sentiu fazendo isso?”;
“O que você sente no seu coração?”;
“Parece que está feliz com o que fez! Parece que está orgulhoso(a) de você mesmo(a), né?”:
“Você deve estar orgulhoso(a) de você mesmo”.

Está tudo bem responder para a criança quando ela busca nossa aprovação, mas devemos sempre trazer de volta para ela o senso de autoaprovação.

Eu posso até querer saber o que os outros pensam, mas o que vale mais?

É sempre bom pensarmos: “o que é mais forte e importante? Aquilo que eu penso sobre mim!”. E sabemos como esse tipo de reflexão é significativa! Quantos de nós passamos a vida buscando aprovação externa e não sabemos encontrar um recurso interno que nos mostre a autoaprovação?

Quantos de nós precisamos de apoio e suporte profissional para descobrir que não precisamos de aprovação externa, pois a interna é suficiente? Pensando na lógica da educação com respeito, em que trabalhamos com as crianças habilidades de vida, emocionais e sociais, quando ela traz a necessidade de aprovação, é uma grande oportunidade de ensinarmos o auto-valor, independentemente do que o outro acha.

Quer dizer que a opinião dos pais não vale nada?

Não precisa ser 8 ou 80. A opinião da criança sobre ela mesma deve ser o maior foco, em todos os sentidos, seja sobre algo que ela tenha feito ou sobre sua personalidade. O tempo inteiro precisamos ajudá-la a construir isso.

Se a criança fizer, por exemplo, coisas que dão muita vontade de bater palma, elogiar e comemorar, claro que vamos manifestar essa alegria! O ponto é apenas termos consciência do objetivo disso.

Quando não é saudável comemorar uma ação positiva da criança?

Você vai concordar comigo que temos a tendência de elogiar quando a criança se comporta dentro da nossa expectativa. Esse é um lugar de manipulação, para que ela entenda que é para continuar fazendo aquilo.

O lugar que não é saudável da comemoração é esse, quando contribuo para que a criança dependa da minha aprovação e se comporte de determinada maneira para me agradar, e não porque ela entende que é saudável.

Agora, as comemorações, os elogios, os sorrisos, as palavras amorosas que vêm naturalmente de celebração sobre algo que ela está conquistando, simples e puramente com a intenção de revelar o quanto aquilo nos causa emoções positivas, são essenciais.

O caminho é termos consciência e nos observarmos como pais. 

É basicamente pensar: “estou elogiando com qual objetivo? É para manipular? É para fazer a criança continuar repetindo aquele comportamento que eu quero? É para continuar me agradando? Ou realmente senti uma emoção positiva? Eu uso desses momentos para ajudar a criança a criar essa força interna do seu auto valor e da própria percepção positiva? Ou eu simplesmente falo o que eu acho e não trago a pergunta de volta para ela?”.

Espero ter esclarecido esse ponto porque sei que traz muitas dúvidas! MARIANA LACERDA.

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