segunda-feira, 29 de junho de 2020

Sobre dar limites à criança e a educação com respeito e conexão. Dra. Ana Paula Cury

 A Dra. Ana Paula Cury é fundadora da Escola de Pais, da escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo, explica as grandes aflições de ser mãe e pai na atualidade, o que significa educar, a importância da primeira infância e a a imprescindível necessidade dos pais se autoconhecerem para não projetarem sobre as crianças suas questões mal resolvidas.
Imagem Pinterest
Dar limites, significa circunscrever um âmbito onde a criança pode ocupar o espaço que ela dá conta de ocupar, com a própria força porque fora daquilo ela não se sustenta. Isso é o limite daquilo que protege quando ela está madura o bastante, então você pode e deve dilatar esse limite porque assim ela tem autonomia e aquilo já fica como uma roupa apertada, ela mesma vai sinalizar e a gente vai permitir que ela transcenda esse limite e entre para um âmbito um pouco mais amplo. Então dar limites é circunscrever um campo e um território que a criança pode ocupar com a força e a maturidade que ela já tem. Veja, o ninho é limite, abraço é limite, buscar os melhores ingredientes para fazer um bolo, um pão, você precisa de uma forma e a forma tem bordas, tem limites. Se não tivesse, aquilo se perdia e você não realizaria seu intento. Então nós precisamos de limite para que ele se constitua de dentro para fora e venha a ser no futuro, livre. Esse é o outro lado do limite que tem haver com referências que permitem que, quando a criança saia do prumo, se desvie dela mesma, se perca dela mesma, você pode interpela-la, às vezes até consolá-la. Muitas vezes a criança não vai saber dizer o que está sentindo ou o que está errado, muitas vezes ela vai demonstrar através de comportamentos desvirtuados, muitas vezes inadequados. Se nós não estamos atentos nós vamos tentar punir, muitas vezes com barganha e recompensas. Se ela fizer aquilo que é o certo , ela vai ficar condicionada ou pelo medo do castigo ou por um interesse pela recompensa, e jamais para algo que ela sente dentro dela que é o verdadeiro, que é o bom. É preciso ajudá-la a se confrontar antecipando a consequência do seu ato não se trata de punir ou castigar mas de estabelecer para ela ou dar a ela a vivência da consequência e quando ela puder vivenciar naturalmente ela cai em si e se aflige. Uma coisa é um comportamento que partiu de uma intenção, outra coisa é o efeito que ele gerou e que mostra que ele é inadequado, que não era o melhor meio de obter aquela intenção, que por vezes é legítima. Então a nossa tarefa é ajudá-la a encontrar o caminho do bem, ajudar a encontrar o comportamento correto de alcançar um objetivo que pode ser uma necessidade legítima, humanamente válida e universalmente reconhecida. Às vezes a criança só quer ser confirmada, reconhecida, amada, mas não encontrando um meio adequado ou que logre êxito segundo seu ponto de vista, ela começa a chamar a atenção de maneiras absurdas e se você não está atento, pune e astiga.O interessante é que você faça o auto-exame e veja de onde vem essa motivação para ela agir assim, "será que eu dei alguma referência que valide?" O que viveu nela enquanto intenção? O que ela quer ganhar de bom com isso ? Lembre-se que a gente também já foi criança, isso ajuda muito por que existem aspectos do desenvolvimento que permanecem os mesmos. É preciso compreender no lugar de julgar é preciso se comprometer a oferecer aquilo que é referência de forma correta, senão que autoridade tenho eu para esperar ou exigir dela se eu mesma não o faço? Se eu mesma não sou capaz de fazer, eu preciso conquistar a autoridade moral, o erro é passível de mudança mas o amor, esse é incondicional, é presente sempre. Quando você diz "eu sei que você não é isso! Isso é o que você fez! Eu sei que lá onde você é mais brilhante há um jeito melhor de ser, de fazer e nós vamos encontrar juntos!" É preciso levar a criança a encontrar dentro dela o equilíbrio que a leve a pender para o outro lado, para o lado positivo! Dra. Ana Paula Cury.

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